quarta-feira, 30 de abril de 2008

Não vamos nos dispersar!


Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão. Se todos quisermos, dizia-nos, há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la."
(Tancredo Neves, presidente eleito pelo Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985)


Em primeiro lugar é preciso que esteja clara a minha posição política-partidária, que é um compromisso de vida: sou um soldado do PSDB. Sempre fui e sempre serei fiel às suas deliberações. Como fundador e tendo estado presente em todos seus embates, não poderia ser diferente.

No entanto, em determinados momentos da vida pública é preciso que posições sejam tomadas, de maneira firme, até para colaborar com a resolução consensual a ser tomada em breve.

A sucessão municipal em São Paulo é um desses momentos.

De um lado perfilam-se aqueles que crêem que a proposta de reeleição na capital é legítima, na medida em que o atual governo municipal teve seu programa aprovado em convenção do Partido, rigorosamente cumprido ao longo de três anos e meio. Seria natural o direito de ser julgado pela população disputando a reeleição e mantendo a coligação PSDB/ DEM, que já elegeu duas vezes Presidente, duas vezes governadores do Estado e, em 2004, o Prefeito de São Paulo.

De outro lado estão aqueles que insistem na necessidade de uma candidatura própria que venha a fortalecer os quadros partidários e manter a hegemonia tucana, como cabeça de chapa nas eleições de outubro próximo.

São posições divergentes, ambas defensáveis, mas que, se concretizadas em forma de duas candidaturas, nos deixa a todos “derrotados”.

Estariam em palanques distintos dois candidatos que militam no mesmo espectro político e que tem como verdadeiro e único adversário, a candidatura do PT.

Para quem advoga a tese de que “no segundo turno tudo será diferente”, é preciso colocar o pé na realidade. Uma aliança no segundo turno, quando as feridas do embate ainda não estarão cicatrizadas, é no mínimo questionável.

Quem ganharia com essa cisão seria, justamente, o nosso adversário comum. Ou alguém ainda tem dúvida de quem se beneficiaria com duas candidaturas saindo da mesma base?

Estaremos diante de uma situação de fragmentação partidária, que poderá influir na perspectiva que é o anseio de todos nós: a reconquista do Poder em 2010.

Hoje participo do governo municipal e tenho dado o melhor de mim em beneficio dos diversos programas sociais levados a termo na Secretaria de Participação e Parceria, com destaque para mais 250 Telecentros (mais de 1,5 milhões de cadastrados) e o substancial aumento dos convênios financiados pelo Fumcad – Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, que passaram de 54 para 260 em pouco mais de um ano.

Para tanto, licenciei-me do cargo de Deputado Estadual para servir a uma proposta tucana por excelência. Um projeto que está sendo positivamente avaliado pela maioria da população (48% de Ótimo e Bom), devido a avanços em todos os setores, mas particularmente, naqueles itens que nos são mais caros, no programa de governo do PSDB: Educação e Saúde.

A continuidade do que está dando certo, através do trabalho de centenas de tucanos que participam do governo municipal é a forma mais natural de, acima dos interesses pessoais, respeitarmos o interesse público.

Aos meus companheiros de Partido, que não concordam com o meu posicionamento, meus respeitos. A democracia é o constante debate de idéias e posições e isso deve fazer parte do cotidiano do PSDB.

A escolha dos candidatos deve se pautar pelos interesses coletivos. A história, a aliança e a perspectiva de sustentabilidade política no futuro, devem estar no cerne das discussões. Temos que pensar em avanços. Para muito além de nomes e siglas, estão em jogo os interesses de mais de 10 milhões de paulistanos!

São estas pessoas que viram ser criadas mais de 100 AMAs; é esta população que viu ser inaugurados mais dois hospitais municipais, após 18 anos; é para esta população que acabaram as “escolas de lata”, a Prefeitura está terminando o 3º turno na rede municipal e foram criadas 90 escolas com mais de mil salas de aula.

É para estas pessoas que a Lei Cidade Limpa, emblemática e aprovada pela população, foi colocada em funcionamento, assim como também é para elas, o grande esforço contra a poluição das águas, do ar e do barulho urbano.

Se acreditamos que estamos no caminho certo, se cremos que houve avanços em diversas áreas, se nossa preocupação maior é o bem comum, com base naquilo em que acreditamos, por que agora, devemos nos dividir, quando o mais sensato e coerente é unir forças?
Mais do que nunca: Não vamos nos dispersar!

(Ricardo Montoro, 59 anos, é Secretário Municipal de Participação e Parceria e Deputado Estadual - SP)