A médica avisou que aconteceria.
Nível de paciência: zero. Nível de tolerância: menos 10.
Quando uma pessoa que, como eu, fumou por 40 anos se propõe a parar de fumar é porque todo um conjunto de situações já aconteceu.
Se eu não sabia que iriam acontecer? Claro que sabia! E eu sou boba? Não! Fui uma fumante absolutamente consciente de que um dia a casa cai.
Junto com o "parar de fumar" vem as outras restrições: não pode isso, não pode aquilo, não pode tudo. Não coma isso, não coma aquilo, evite tal coisa.
E sabem em que momento vem isso? No momento em que a própria vida já tirou uma porção de coisas de você. Natural! Queriam o quê? Beleza, juventude e sabedoria ao mesmo tempo? Deus não dá. Ele vai dando umas coisas e tirando outras porque Ele é sábio.
Nessas situações parece que a vida passa pela cabeça da gente como um filme em looping. O filme recomeça, e recomeça e recomeça.
Coisas nas quais você não pensava há muito tempo voltam e insistem em se fazer lembradas.
Se eu estivesse no Rio, pegaria um carro, janelas abertas, vento na cara, acelerador.
Iria até sei lá onde pela orla. Talvez até o Recreio, ou até a Pedra de Guaratiba.
Na volta, esperar o por do sol na pedra do Arpoador.
O sol deu o ar da graça em Sampa. Pelo menos isso.
Amanhã é outro dia. Espero que melhor do que hoje, porque hoje tá difícil.
O difícil vai ser esperar o hoje terminar.
Tá difícil, tá muito difícil.
domingo, 2 de agosto de 2009
Hoje tá difícil.
Por Kika Albuquerque às 14:14
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