quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A culpa é dos Beatles!!!!!!!!!!

Queridos,

Trabalhar ou trabalhar. Eis uma coisa que no Brasil não é questão.
Não, eu não desisti de pensar nas coisas que acontecem neste nosso país (ainda é nosso? será?).
Tenho estado atolada em trabalho. Não me queixo, muito pelo contrário.
O que está acontecendo agora é resultado de anos de dedicação e estudo.
Uma história curtinha, mas interessante:
Um dia, cansada de ouvir e de não entender o que os Beatles diziam em suas letras, cheia de pose, eu disse a meu pai: Eu quero aprender inglês! Quero estudar no IBEU! (note-se que eu queria unir o útil ao agradável.... o namoradinho trabalhava na mesma rua onde ficava o prédio da escola de inglês... hehehehehe... ninguém é de ferro!)
Minha mãe, super-hiper-mega-ultra-master-blaster preocupada com a filha única, disse imediatamente: "Não! É muito longe! Você não vai sozinha para o IBEU! Esqueça!"
Meu pai - ponderado, equilibrado, calmo, confiante - disse: "Thereza, isso é uma oportunidade única! Uma adolescente pedindo para aprender, e motivada por esses meninos que, gostemos ou não, são ídolos! Pense melhor! Ela vai para a escola de inglês, sim!"
E lá fui eu, estudar inglês ( e namorar depois da aula, claro!).
Dei sorte. Tive excelentes professores. Mrs.Mendes, inesquecível: "Say it again! Repeat!" Pronúncia impecável,
Hoje não sei se pesquiso a platina do microscópio, se preparo aula, se pesquiso a terminologia Freudiana, se leio o Coturno Noturno, se visito a Nariz Gelado, ou se me delicio com os textos impecáveis de Reinaldo Azevedo... credo! São leituras indispensáveis!
O trabalho do tradutor é um trabalho solitário. É você, o computador (bendita seja essa maquininha de fabricar nerds e malucos!), mil dicionários, mil fontes de pesquisa, a internet. Mas, ao fim e ao cabo, é você quem decide o termo a empregar, onde colocar a vírgula, e - a parte mais complicada! - como agradar ao cliente depois de decidir o resto. Você leva horas, e às vezes até dias, para chegar à palavra exata.
Eu gosto disso. É o que eu gosto de fazer. Faço com alegria.
Sim, eu sei, são poucos os privilegiados que podem dizer que trabalham naquilo que gostam.
Mas continuo irritada, puta da vida com essa corja que se instalou no poder.
E, entre uma palavra pesquisada e outra, leio no blog da Cora Rónai o texto que eu queria ter escrito.
É isso, queridos.
Em última análise, a culpa deve ser dos Beatles!
Volto. Voltarei sempre que os microscópios e as teorias Freudianas me permitirem.