sexta-feira, 7 de agosto de 2009

As dores e as delícias de toda uma geração

Nasci em 1954, há somente 55 anos. Brinquei muito, tive infância.

Geração complicada! Tudo aconteceu muito rápido. Tivemos que assimilar coisas muito opostas em um curto espaço de tempo. Somos privilegiados. Vimos coisas incríveis acontecerem e o mundo se modificar. Mas... crescer dói. E o nosso mundo não cresceria sem dores.

Aprendi a usar o telefone num aparelho preto, de disco, horroroso. As linhas telefônicas eram privilégio de poucos. Telefonar era uma aventura. Ligações interurbanas eram solicitadas à telefonista que marcava horário para completá-las.
Professora não era “tia” e técnico de futebol não era “professor”.
De repente, o celular!, agora o IPhone. Professora nem mais “tia” é, e técnico de futebol, além de ter incorporado definitivamente o título de “professor”, é o único tipo de professor do mundo pago a peso de ouro.

Uma carta levava longos dias para chegar de um continente a outro, ou mesmo do norte ao sul do país. Ah, e as cartas eram manuscritas ou, no máximo, datilografadas numa Olivetti.
Fomos apresentados ao fax, ao computador e depois ao email! O computador era chamado de Cérebro Eletrônico. Faz sentido.
No início, desconfiados, depois de um fax telefonávamos e perguntávamos: Recebeu?
A Internet era movida a vapor. Hoje a banda é larga!

Comíamos manteiga, gorduras eram permitidas, exercícios físicos eram para os atletas.
Passamos a conhecer os vilões da alimentação: tudo que era gostoso, passou a ser ou muito perigoso ou proibido. E o irmãos Valle cantaram "tem que correr, tem que malhar, vamos lá!"

Quando estávamos todas acostumadas a um padrão de beleza física, foi decretada a ditadura da magreza. E começamos a ouvir falar de anorexias e bulimias.

A minha geração, que acreditou em liberdade e num país melhor assistiu hoje à tarde o mais dolorido e deprimente dos espetáculos, proporcionado por ninguém menos do que os senhores senadores da república que, pelo menos teoricamente, deveriam ser exemplo.

Cresci aprendendo com os galãs e estrelas do cinema que fumar era chic, um must!
Depois que todos estávamos viciados, alguém se lembrou de nos informar que o cigarro acaba com a saúde. Que beleza! E agora?

Agora, muitos anos e muitas vidas perdidas depois, São Paulo dá um exemplo para o Brasil: a lei anti-tabagismo.

Parabéns ao governador José Serra pela coragem.
Parabéns a São Paulo pelo pioneirismo.
Parabéns aos paulistas que, a partir de hoje, serão certamente um povo mais sadio.