domingo, 2 de agosto de 2009

Hoje tá difícil.

A médica avisou que aconteceria.
Nível de paciência: zero. Nível de tolerância: menos 10.

Quando uma pessoa que, como eu, fumou por 40 anos se propõe a parar de fumar é porque todo um conjunto de situações já aconteceu.
Se eu não sabia que iriam acontecer? Claro que sabia! E eu sou boba? Não! Fui uma fumante absolutamente consciente de que um dia a casa cai.

Junto com o "parar de fumar" vem as outras restrições: não pode isso, não pode aquilo, não pode tudo. Não coma isso, não coma aquilo, evite tal coisa.

E sabem em que momento vem isso? No momento em que a própria vida já tirou uma porção de coisas de você. Natural! Queriam o quê? Beleza, juventude e sabedoria ao mesmo tempo? Deus não dá. Ele vai dando umas coisas e tirando outras porque Ele é sábio.

Nessas situações parece que a vida passa pela cabeça da gente como um filme em looping. O filme recomeça, e recomeça e recomeça.
Coisas nas quais você não pensava há muito tempo voltam e insistem em se fazer lembradas.

Se eu estivesse no Rio, pegaria um carro, janelas abertas, vento na cara, acelerador.
Iria até sei lá onde pela orla. Talvez até o Recreio, ou até a Pedra de Guaratiba.
Na volta, esperar o por do sol na pedra do Arpoador.

O sol deu o ar da graça em Sampa. Pelo menos isso.

Amanhã é outro dia. Espero que melhor do que hoje, porque hoje tá difícil.


O difícil vai ser esperar o hoje terminar.
Tá difícil, tá muito difícil.